Cura, a exposição

CURA” – Exposição Coletiva

Curadoria: Danillo Barata e Nanci Novais

(texto press-release)

Essa exposição reflete sobre as experiências, os contextos e os sentidos do corpo no âmbito das práticas artísticas contemporâneas. O corpo como chave de complementaridade ou mesmo de conflito entre o homem e a divindade. Dito de outro modo, o corpo como objeto artístico é fruto de transformações culturais, sociais, econômicas e estéticas, e é a base dessa complementaridade entre o homem e o divino.

Nesse sentido, o título “CURA” se associa às escarificações, técnicas da religião africana e afro-brasileira utilizadas para marcar o corpo como cicatrizes sagradas, com suas formas de re-existência, de resgate da memória, de preservação e de crença fortemente identificada com fluxos de ascendência africana no Brasil. De certo modo, nos aproximamos do conceito de Hauntology cunhado por Jacques Derrida, que projeta uma distopia, à maneira de um fantasma.

Assim, esta ocupação tira sentido das relações atlânticas entre o Engenho da Vitória, em Cachoeira-Ba, e o Museu de Arte da Bahia, em Salvador, associando o passado com o presente num contínuo diálogo atemporal. Refazer o presente e depurar os fantasmas do passado.

Artistas:

Adalberto Alves, Cláudio Manoel Duarte, Elias Santos, Juarez Paraiso, Mateus Aleluia, Miguel Navarro y Cañizares, Patrícia Martins

Abertura: 17 de janeiro de 2010 às 19h. Museu de Arte da Bahia – MAB. Corredor da Vitória, Salvador-Ba.

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MINI BIO:

Patrícia Martins
Salvador, Bahia, 1993


É graduada no Bacharelado Interdisciplinar em Artes na Universidade Federal da Bahia e mestranda no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal da Bahia (PPGAV – UFBA) na linha de processos criativos.
Atua como artista visual e pesquisadora.
Em seus trabalhos, explora o retrato e as figuras humanas utilizando a apropriação de fotografias, transfigurando suas visualidades e as inserindo num universo fantástico, trazendo questões de memória e apagamento. A exploração do corpo humano como matriz para diversos duplos surge também como uma derivação da manipulação dessas figuras desconhecidas e seus duplos nas fotografias, fazendo essa intersecção com a gravura e discutindo o corpo como imagem e vice versa, montando-o e remontando-o através da sua gravação. Em suma, explora o corpo como matriz, a imagem e sua materialização, sua contaminação/destruição e os espelhamentos dentro da autoimagem.
Participou do “8º Prêmio Ibema de Gravura” realizado no Solar do Barão, sendo uma das artistas
premiadas, da coletiva “Olhares Transversos: fotografia e fotógrafos”, na galeria Roberto Alban, da
“3ª Mostra Gráfica” no Museu de Arte Moderna da Bahia, da exposição coletiva “S/título” da galeria
do Goethe-Institut Salvador, da “I Bienal do Sertão de Artes Visuais”, da exposição ”NOISE Invade
Portugal”, três edições do “Panorama” no Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana, entre
outras.

INFO DO TRABALHO:

s/título | da serie “retratos de coisas sonhadas”

gravura em metal impressa em papel de algodão

políptico, 20 x 20 cm cada

2019

Cláudio Manoel Duarte, além de de sua formação e atuação acadêmica (professor universitário e pesquisador de arte e tecnologia), tem se dedicado à produção de trilhas sonoras e de produtos audiovisuais, além de ser curador artístico e produtor cultural. Alagoano, radicado na Bahia desde o ano de 2000, é jornalista, produtor cultural e professor universitário na área de Linguagens e Tecnologias (UFRB). Doutorando no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (IHAC-UFBA), em Cultura e Arte, é Mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA (2003), em Cibercultura. Foi membro do Conselho Curador da Fundação Hansen Bahia. Foi conselheiro-titular do Conselho Estadual de Cultura do Estado da Bahia. Como dj, desde 1998, atuou em vários eventos em diversas cidades do País, com destaque para o Skolbeats – maior festival de música eletrônica na America Latina, onde tocou no palco principal (Outdoor Stage), ao lado de grandes nomes nacionais e internacionais da cena de djs (BENZINA aka SCANDURRA live, ERICK CARAMELO, BENNI BENASSI, FISCHERSPOONER live, BASEMENT JAXX live, X PRESS 2, DAVE CLARKE live, RICHIE HAWTIN…), sendo o único dj do norte-nordeste selecionado para tocar nesta edição festival. É líder do Grupo de Estudos e Práticas Laboratoriais em Plataformas e Softwares Livres e Multimeios – LinkLivre (CNPq/UFRB), membro do Grupos de Pesquisa Audioteca (UFRB) e Audiosfera (UFBA). Fundador, dj e produtor cultural do Pragatecno (coletivo de djs). Foi professor convidado na Universidade de Bayreuth (Alemanha), no Instituto de Estudos Africanos. Foi chefe do Núcleo de Gestão de Cultura, Comunicação e Divulgação da Proext-UFRB. Foi Coordenador do Núcleo de Cultura e Universidade da Proext-UFRB. É produtor audiovisual, com cerca de 40 filmes, com foco em cinema documental/educativo. É organizador da Coletânea SomBinario, que reune artistas brasileiros de música eletrônica, desde 2000, em sua 7 edição. É editor/coordenador dos livros ebooks Linklivre 1 e 2, Pragatecno. É co-produtor e curador dos festivais Internacionais Digitalia (1, 2 e 3) e Paisagem Sonora (1, 2 e 3).

INFO DO TRABALHO:

Spectrum_Invisível (por Cláudio Manoel Duarte)

A trilha Spectrum_Invisível foi construído a partir de ruídos, amostras e batidas de uso livre, distorções e camadas manipuladas ao subgrave e batidas desaceleradas para formar uma estrutura que abriga sutis citações da cânticos que remetem à cura e à celebração da natureza. É uma onda sonora às vezes cheia e noutros momentos sutil, em diferentes volumes e ruídos em loop. A idéia é criar um clima sonoro de fundo com diferentes emoções/sensações de preenchimentos e vazios. Uma fantasmagoria de ruídos ordenados.

Elias Santos é formado em artes plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia – UFBA. Realizou cinco exposições individuais e participou de diversas coletivas. , sendo premiado nas edições nas de 1995, 1997 e 2006 do Salão Regional de Artes Visuais da Fundação Cultural do Estado da Bahia e nas edições de 2002 e 2006 da Bienal do Recôncavo, promovidas pelo Centro Cultural Dannemann, em São Félix, Bahia. Participou também da III Bienal da Bahia em 2014. No exterior, o artista participou de três exposições coletivas, uma em Portugal e duas em Londres.

Juarez Paraiso é escultor, pintor, gravador, desenhista, professor universitário e imortal da Academia de Letras da Bahia. Em mais de 60 anos de atividade no campo das artes visuais, ele reúne inúmeras exposições individuais e coletivas, prêmios, Obras em espaços públicos em muitos pontos do Brasil, sobretudo em Salvador, além de obras adquiridas por museus internacionais. Juarez Paraiso é integrante da denominada segunda geração de artistas modernos da Bahia.

Mateus Aleluia

Projetado como integrante do grupo baiano Os Tincoãs na década de 1970, Mateus Aleluia é cantor, compositor e músico, nascido há 75 anos na cidade de Cachoeira (BA), no Recôncavo. Em 1983 Mateus vai morar em angola e participa ativamente da vida política daquele país. Desenvolve uma série de pesquisas sobre a cultura angolana e suas conexões com os países africanos de língua portuguesa. Em 2002 regressa ao Brasil.

Em sua performance, na videoinstalação Cura, ele entoa um cântico que pede que os espíritos intercedam na cura de uma pessoa. A idéia de contrapor esse cântico sagrado em um espaço icônico, Engenho da Vitória, que alude ao passado escravagista é de promover a cura das feridas da escravidão.

Miguel Navarro Y Cañizares

Fundador e primeiro Diretor, em 17 de dezembro de 1877, da Academia de Belas Artes da Bahia.

 

Publicado por claudiomanoel

Cláudio Manoel Duarte é prof em linguagens, tecnologias e cultura, doutorando, mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA/Cibercultura, produtor cultural. E criador da gata Tui, uma linda siamesa.

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